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Um grupo de cientistas da Nasa
divulgou recentemente um manifesto que
pede a alteração da definição de planeta. Se aceita, a mudança poderá incluir
100 novos astros à lista de planetas conhecidos do nosso sistema solar – entre
eles, Plutão e a Lua. Os pesquisadores apresentarão a proposta durante a
Conferência Anual de Ciência Planetária e Lunar (LPSC, na sigla em inglês), que
ocorrerá de 20 a 24 de março, nos Estados Unidos.
A alteração
que o grupo está tentando aprovar determina que os corpos celestes do nosso
sistema solar não precisam orbitar o Sol para ser considerados planetas. Em vez
disso, propõem que apenas suas propriedades físicas sejam consideradas na hora
de fazer a classificação – e não sua interação com estrelas. Segundo eles, a
maioria das pessoas assume que todos os corpos celestes que não são considerados
planetas “deixaram de ser suficientemente interessantes para justificar sua
exploração científica”. A nova classificação chamaria a atenção das pessoas
para esses astros, destacando sua importância para a ciência.
A equipe é liderada por Alan Stern,
cientista da Nasa que está à frente da missão New Horizons, enviada em 2009 em
direção a Plutão. Em 2015, a sonda conseguiu efetuar com sucesso o primeiro
vôo rasante já feito sobre
o planeta anão, e desde então, tem explorado o cinturão de Kuiper, região nos
confins do sistema solar, e enviado fotos em alta resolução para a Terra.
A mudança
No momento, a
nova proposta de classificação aguarda aprovação da União Astronômica
Internacional (IAU, na sigla em inglês). Segundo os critérios atuais do órgão,
para ser considerado um planeta, o corpo celeste deve orbitar o nosso Sol e ter
dominância orbital na zona em que está – quando não há nenhum outro objeto de
tamanho parecido além de seus satélites –, afirmação que Stern e sua equipe
desconsideram na proposta. Para eles, uma definição que inclua corpos que
orbitem outras estrelas e tenham objetos de qualquer tamanho ao seu redor seria
mais adequada.
Simplificando,
a equipe define planetas como “objetos redondos no espaço que são menores do
que estrelas”. Segundo os cientistas, essa classificação é mais abrangente e se
aproxima do uso comum da palavra, além de ser mais fácil para estudantes e o
público em geral compreenderem. Apesar de parecer muito ampla, ela exclui
estrelas e outros objetos como buracos negros.
Apesar de
orbitar o Sol, seguindo os critérios da IAU, Plutão deixou de ser considerado
um planeta por não possuir dominância orbital, sendo “rebaixado” para a
classificação de planeta anão em 2006. Com a mudança na definição, o astro
poderia retornar ao seu status anterior, assim como a Lua também poderia ganhar
o novo título. Na verdade, muitos outros corpos celestes do nosso sistema solar
também entrariam na lista, incluindo as quatro luas de Júpiter e Titã, o maior
satélite natural de Saturno.
Segundo Stern
e sua equipe, além dos critérios da IAU serem muito restritos, mesmo alguns
astros que são considerados planetas atualmente não conseguem cumpri-los
totalmente. A Terra, por exemplo, possui um grande número de objetos que viajam
em torno de sua órbita, o que não satisfaz completamente o critério da
dominância orbital. Além disso, para que a dominância orbital exista, explicam
os cientistas, é necessário delimitar uma zona – e, para eles, a classificação
de um planeta não deveria ser feita com base em medições de distância, e sim
nas suas propriedades físicas intrínsecas.
Por
Leticia Fuentes – VEJA.com