Reprodução - Professora Débora Seabra respondeu desembargadora do Rio |
No Dia Internacional da Síndrome de Down,
comemorado nesta quarta-feira, 21, o exemplo recente da natalense Débora Araújo
Seabra de Moura, 36 anos – primeira professora formada no Brasil com esse tipo
de alteração genética – simboliza como enfrentar o preconceito com respeito e
educação.
Tais valores, que deveriam ser intrínsecos a qualquer ser humano,
principalmente aqueles privilegiados com formação superior, foram destacados em
um recado dirigido à desembargadora Marilia Castro Neves, após comentário
discriminatório no Facebook.
Na comunidade virtual que participa, Marilia Castro Neves exerce
clara influência sobre os demais membros e costuma ter seus comentários
aplaudidos. Ela foi chamada de “corajosa” por espalhar, recentemente, fake news
sobre a vereadora Marielle Franco – assassinada no último dia 14.
Em uma nova postagem, a magistrada desdenha de professores com
síndrome de Down e questiona o que eles podem ensinar a alguém. “Ouço que o
Brasil é o primeiro em alguma coisa!!! Apuro os ouvidos e ouço a pérola: o
Brasil é o primeiro país a ter uma professora portadora de síndrome de Down!!!
Poxa, pensei, legal, são os programas de inclusão social… Esperem um momento
que eu fui ali me matar e já volto, tá?”, escreveu a desembargadora.
Professora há 13 uma escola particular de ensino médio em Natal,
Débora Seabra respondeu à magistrada Marilia Castro Neves: “Não quero bater
boca com você! Só quero dizer que tenho síndrome de Down e sou professora auxiliar
de crianças em uma escola de Natal (RN). Trabalho à tarde todos os dias com
minha equipe que tem uma professora titular. Eu ensino muitas coisas para as
crianças. A principal é que elas sejam educadas, tenham respeito pelas outras,
aceitem as diferenças de cada uma, ajudem a quem precisa mais. Eu estudo o
planejamento, eu participo das reuniões, eu dou opiniões, eu conto histórias
para as crianças e mais um monte de coisas. O que eu acho mais importante de
tudo isso é ensinar a incluir as crianças e todo mundo pra acabar com o
preconceito porque é crime. Quem discrimina é criminoso”.
Débora é uma sobrevivente. Ela sempre estudou em escolas
regulares, junto com crianças sem a síndrome, venceu os preconceitos e realizou
seu maior sonho.
Atualmente, 642 alunos portadores da Síndrome de Down estão matriculados nas 17
unidades da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) no Rio Grande
do Norte.
Dentre os 365 dias do ano, o “21/03” foi inteligentemente
escolhido porque a Síndrome de Down é uma alteração genética no cromossomo
“21”, que deve ser formado por um par, mas no caso das pessoas com a síndrome,
aparece com “3” exemplares (trissomia).
Segundo a entidade Movimento Down, isso ocorre na hora da
concepção de uma criança. As pessoas com síndrome de Down, ou trissomia do
cromossomo 21, têm 47 cromossomos em suas células em vez de 46, como a maior
parte da população.
As crianças, os jovens e os adultos com síndrome de Down podem ter
algumas características semelhantes e estar sujeitos a uma maior incidência de
doenças, mas apresentam personalidades e características diferentes e únicas.
O comportamento dos pais não causa a síndrome de Down. Não há nada
que eles poderiam ter feito de diferente para evitá-la. Não é culpa de ninguém.
Além disso, a síndrome de Down não é uma doença, mas uma condição da pessoa
associada a algumas questões para as quais os pais devem estar atentos desde o
nascimento da criança.
Agora
RN